Termos como “empreendedorismo”, “inovação” e “capital de risco” são muito comuns no contexto de negócios no Brasil. Mas como funciona este mundo? Atualmente, é possível distinguir facilmente dois grandes grupos de empresas: os novos negócios de TI/Web e inovações nascidas nas universidades; e as grandes empresas listadas em Bolsa de Valores ou de capital fechado. Mas há um grupo intermediário, com empreendedores um pouco mais calejados e faturamento que já ultrapassa o primeiro milhão. Elas ainda não dominam a equação para multiplicar estes números daí pra frente, mas sabem que precisam obter mais recursos. Se sua empresa se encaixa aqui, as principais opções são:

a) Crescer gradualmente, por conta própria, mantendo a autonomia e controle da empresa

b) Contratar financiamentos, o que aumenta a exposição da empresa quanto ao nível de endividamento e alavancagem financeira. O empreendedor é o único controlador da operação e o principal avalista da dívida

c) Trazer um sócio investidor com boa capacidade de aporte financeiro (ex.: Fundos de Investimento) e de perfil ativo na definição e execução da estratégia de negócios, agora bem mais ambiciosa. Assim, o empreendedor mantem-se como acionista majoritário e executivo líder, mas consente em dividir a gestão mediante regras de boa governança

As duas primeiras opções são as mais usuais; a terceira ainda é incomum no Brasil. Ainda há muitos mitos e dúvidas rondando a decisão de aceitar um sócio investidor. Destacamos abaixo dois critérios úteis para avaliar o momento de buscar um novo sócio:

Necessidade de manter-se competitivo: Empresas que conquistaram seu lugar ao sol enfrentam concorrência por todos os lados. Neste cenário, ganhar uma musculatura adicional – traduzida em aporte de recursos (cash in) – para iniciar projetos de investimentos, atrair peças chaves para a equipe, revitalizar a saúde financeira e aumentar participação de mercado com força de vendas e ações qualificadas de marketing – define quem cresce e quem fica para trás.

Necessidade de Renovação e Execução: Muitas empresas são criadas e mantidas à imagem e semelhança dos fundadores. Mas o que as levou até um determinado ponto pode não ser mais suficiente para enfrentar, com sucesso, novas etapas de seu ciclo de vida. A entrada de um novo sócio impõe ritmos de boas práticas de gestão, chamados de governança, permite a implantação de novos investimentos, a revisão das estratégias e aumenta a ênfase na capacidade de executar a visão estratégica.

Há dinheiro e há bons projetos. Há um crescente interesse de investidores nacionais e estrangeiros por empresas que se encontrem neste ponto de decisão “crescer ou crescer”, pois é justamente no estágio intermediário da jornada empresarial que estão oportunidades substanciais de expansão acelerada e boa relação de risco/retorno.

O clichê “sobra dinheiro, faltam bons projetos”, usado para definir o desafio de desenvolver o mercado de capital de risco no Brasil, está ficando no passado. Cada vez mais investidores e empresas buscam se encontrar, se conhecer e conversar sobre projetos de expansão e oportunidades de investimentos benéficos para todos.

Ter um sócio investidor pode deixar de ser uma questão – por receio ou desinformação – para ser uma opção bastante viável para empresas que tenham projetos arrojados de expansão e saibam comunica-los de forma clara. Além de uma oportunidade de renovar e fortalecer uma geração de empreendedores qualificados, visionários e de alta performance. Informação, reflexão e boas conversas são o início deste processo.

Autor: Alexandre Alves (CEO da Inseed Investimentos)
Fonte: Diário do Comércio