Por Ana Luísa Hermetto.
Pautas como sororidade, igualdade e liberdade são temas bem em alta hoje em dia, seja nas redes sociais, na televisão, nos tribunais e até nas rodas de conversa de amigos em mesa de bar.
Este artigo visar trazer uma reflexão sobre a advocacia feminina, seu papel, desafios e conquistas ao longo dos anos.
Desde os primórdios, em qualquer aspecto da vida, a mulher é tida como sexo frágil e isso não é diferente no aspecto profissional, e, apesar do nível de instrução que exige a nossa profissão e do status que ela carrega, não é diferente no mundo jurídico.
O machismo existe sim, infelizmente. Ele é fruto de uma cultura patriarcal do Brasil e da resistência das pessoas em mudarem sua forma de pensar e em se colocar no lugar do outro.
Por mais que o ambiente jurídico seja um local de pessoas instruídas e por isso se pense que isso não ocorre, a verdade é que ainda acontece.
Acontece quando uma advogada não é levada a sério por alguém achar que ela é jovem demais ou pela forma como se veste; quando mesmo estando com a palavra, o cliente se dirige ao sócio homem; quando uma parte lhe falta com o decoro; quando tem seus honorários desvalorizados; quando não existe no fórum uma sala de amamentação ou quando não existem advogadas nos conselhos, nos altos cargos, nas direções.
Fato inegável é que o maior envolvimento da mulher com os afazeres domésticos tende sim a impactar na forma de sua inserção no mercado de trabalho, que é marcada pela necessidade constante de conciliação da dupla jornada entre o trabalho remunerado e não-remunerado.
Apesar de todas as barreiras que ainda enfrentamos, nós mulheres temos ocupado cada vez mais espaço na advocacia brasileira e já somos quase 54% dos profissionais inscritos na OAB, segundo dados da entidade.
Ainda, conseguimos avanços como a criação do Plano Nacional da Mulher Advogada em 2015, cujo objetivo é fortalecer os direitos humanos da mulher, com a Lei 13.363/16 que estipula direitos e garantias para a advogada gestante, lactante ou adotante, suspensão de prazos processuais, quando der a luz, reserva de vaga em garagens dos fóruns, preferência na ordem das sustentações orais e das audiências e a licença maternidade.
Na OAB Minas Gerais, também já temos a Comissão da Mulher Advogada que tem como alguma de suas funções, a busca pelo respeito ao princípio da igualdade entre os sexos e também a eliminação das formas de discriminação da mulher no acesso às carreiras jurídicas e nas respectivas promoções.
Sem dúvidas, foram avanços significativos, mas nós mulheres e advogadas não podemos parar por aí, a nossa luta continua, até que consigamos ser respeitadas amplamente pelo que somos e também pelas nossas diferenças.